quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

E-commerce movimentou R$ 8,2 bi

O ano de 2008 foi prodigioso para o comércio eletrônico brasileiro. Não só pelo expressivo crescimento do faturamento do setor, que bateu na casa dos R$ 8,2 bilhões - número 30% superior ao registrado no ano anterior - mas também porque a confiança do consumidor nas transações online demonstra que o segmento tem cada vez mais credibilidade. Outra prova disso é que o tíquete médio também cresceu e fecha o ano em R$ 325,00.

Atualmente, são mais de 13 milhões de pessoas comprando pela internet e os sinais para os próximos 12 meses são positivos, mesmo com uma possível desaceleração por conta do repasse da alta do dólar nos preços dos produtos importados. A previsão é de que o faturamento tenha uma alta de 25% e atinja R$ 10,2 bilhões em 2009.

Aliás, vale comentar que a crise de crédito que diversos setores enfrentam não afetou o comércio online até o momento. Tanto os resultados das empresas do varejo digital no terceiro trimestre, quanto pesquisas recentemente publicadas, demonstram que as vendas pela internet tornaram-se uma importante válvula de escape para manter o crescimento das empresas do mercado tradicional.

Em um presente onde o consumidor procura por preços mais em conta, melhores condições de pagamento e produtos com mais custo x benefício, é difícil encontrar soluções mais interessantes que a compra pela rede. Tanto que o resultado do natal de 2008 não poderia ser melhor: evolução de 15% no consumo digital contra um porcentual de 11% em 2007.

É preciso ressaltar também que mesmo com a previsão da entrada de 4 milhões de novos consumidores, o tíquete médio deverá se manter estável, já que produtos como informática, celulares e eletroeletrônicos, que colaboraram fortemente para a curva ascendente em 2006 e 2007, deverão sofrer com uma pequena retração nas vendas.

Outro movimento interessante que merece destaque é o fato dos preços dos produtos terem sofrido retração no último ano, o que pode ser confirmado na pesquisa do Instituto Provar, na qual produtos como celulares tiveram uma retração de 19,9% e os bens de informática recuaram 11,8%.

Diversos aspectos devem influenciar o crescimento do comércio eletrônico em 2009, mas reitero que alguns deles farão diferença: as promoções de frete grátis, o parcelamento sem juros e os preços mais competitivos em relação ao varejo tradicional. Por tudo isso, é certo o aumento na freqüência de uso do canal web por parte do consumidor.

Por Pedro Guasti (Diretor-Geral da e-Bit)
Fonte: PropMark www.propmark.com.br

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O barato sai caro, mas para quem vende

Baixar o preço para vender mais: quantas vezes você já pensou em fazer isso? Quantas vezes levou essa ideia adiante? E funcionou? Para John E. Hogan, especialista em precificação e docente da University of Chicago, essa estratégia tende ao fracasso na maioria das vezes, porque, embora possa estimular vendas no curto prazo, não promove o crescimento lucrativo dos negócios.

Junto com Thomas T. Nagle, Hogan, um engenheiro elétrico que é Ph.D. em estratégia de marketing, escreveu Estratégia e Táticas de Preços. Era 1987 e, mais de vinte anos depois, a obra ainda atende pela alcunha de “A Bíblia da Precificação”. Tornou-se um clássico na área de marketing, ao defender que o preço deve ser função do valor percebido pelo cliente.

No livro, os especialistas e parceiros no Strategic Pricing Group, um braço do Monitor Group (aquele fundado por Michael Porter e seus colegas de Harvard), puxam a orelha dos gestores que não tratam a atividade de precificação como estratégica. “A diferença entre a precificação tradicional e a estratégica é a diferença entre reagir às condições de mercado e administrá-las proativamente”, lê-se logo no primeiro capítulo. Para um bom entendedor, pingo é letra: ou se vai a reboque, ou se puxa a fila.

É claro que nossos gestores de preço aprenderam bastante nos anos 1990 e no começo deste século, período em que o fator “estratégia” cresceu em importância no mundo empresarial, até mesmo porque a globalização tornou a concorrência mais complexa e colocou corações e mentes na busca pela sobrevivência saudável das empresas.

Um dos geradores do aumento da complexidade do ambiente de negócios foi o cliente, que, hoje, tem muito mais informação do que no final do século XX –sobre o seu produto e o dos concorrentes; sobre o seu preço e o preço praticado pela concorrência. E o consumidor (ou o gerente de compras) quer, sim, a melhor relação preço versus benefício. Desejar fazer um bom negócio é permitido a todos.

Sabendo disso, Hogan e Nagle apontaram a solução: primeiro, descubra o valor que o cliente acha que seu produto ou serviço tem. Depois, estabeleça o preço considerando esse valor percebido (e não aquele que você, fornecedor, acha que seu produto ou serviço tem). Só então é que se calcula o custo, que deve ser tal que compense oferecer valor ao cliente e ainda lucrar com isso. Trata-se do inverso da abordagem “custo + X% = preço”. Em 1987, essa era uma proposta revolucionária. Em 2009, ainda nos perdemos na hora de pôr o conceito em prática, pois talvez não captemos a sua total dimensão.

Quando chega a tentação

Um dos motivos para colocarmos o pensamento estratégico de lado é que, de tempos em tempos, vender torna-se mais difícil por “n” razões. No cenário atual, uma razão alegada pode ser a crise mundial. Diante do desafio, surge a tentação de empurrar temporariamente os preços para baixo.

“O uso equivocado da precificação para obter objetivos de vendas de curto prazo com frequencia prejudica o valor percebido e reduz ainda mais os lucros”, alertam os estrategistas Hogan e Nagle. O que pode dar errado é que você pode comunicar ao mercado que o seu preço é negociável, bem como os preços praticados pelos concorrentes. Os compradores constatam que sua pressão por preços mais baixos é seguida de uma efetiva redução de preços e, assim, uma guerra de preços é deflagrada. O resultado em termos de lucros será ruim para o futuro de todas as empresas vendedoras nesse mercado, embora é provável que as vendas aumentem em volume no curto prazo.

Um desconto temporário pode levar a uma mudança permanente na percepção dos consumidores, que não mais acreditarão que precisam pagar o “preço cheio” para obter o mesmo valor que conseguiram obter a um preço menor.

O mesmo raciocínio vale para a oferta de vantagens na forma de serviços grátis que vêm “no pacote” adquirido, uma maneira frequentemente utilizada para capturar compradores. Além de passar a mensagem de que os serviços não são tão valiosos, a empresa vê seus custos aumentarem para prestar tais serviços.

Em suma, abordagens que focam preço ensinam o cliente a focar o preço também.

Qual é o problema?

Para Hogan, a chave do sucesso está em capturar mais valor e comunicar valor, e não necessariamente em vender mais. Mas só mesmo conhecendo o cliente para poder oferecer-lhe um negócio valioso –para ele e para você. É importante compreender o valor que um cliente satisfeito percebe (em vez de fazer uma pesquisa de mercado com não-clientes e perguntar-lhes o que seria preciso fazer para que comprassem) e comunicar esse valor ao mercado.

Em seu artigo ‘Driving growth with new products: common pricing traps to avoid’, publicado originalmente no Journal of Business Strategy, Hogan e seu colega Tom Lucke postulam, ainda, que o valor do produto deve ser compreendido relativamente ao valor entregue pelos concorrentes. Segundo os autores, a melhor maneira de fazer isso é por meio de entrevistas em profundidade.

Embora muitos problemas com preços venham da falha em comunicar valor, Hogan é prudente ao recomendar que, antes de mexer nos preços, uma pergunta fundamental deve ser feita: “qual é o problema?”. O problema real (ou maior) pode não residir nos preços praticados, mas sim nos fracos canais de distribuição, na oferta de serviços, na segmentação falha, na entrega de valor em excesso ou até mesmo na entrada de um novo produto no mercado, percebido como substituto do seu produto.

Seja qual for o problema, sob a ótica da precificação estratégica, pode ser melhor parar de vender do que vender sem alcançar o crescimento lucrativo.

Fonte: HSM Online

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Web consolida posição estratégica

Com a explosão de fenômenos como YouTube, Google, redes sociais e a mania de todo mundo querer se ver na internet e buscar informação na rede, a web assumiu posição estratégica no plano de comunicação dos anunciantes e não dá mais para ficar fora dela - afinal, cerca de 65 milhões de brasileiros estão conectados à rede.

Apesar de concentrar apenas 4,5% do investimento publicitário no País (em torno de R$ 1 bilhão), a previsão é de que dentro de dois anos a mídia on-line detenha 10% do bolo, à frente de meios tradicionais como o rádio e TV paga. Na Inglaterra, a estimativa é que neste ano os investimentos em publicidade na web ultrapassem a TV aberta. O movimento é irreversível e traz um cenário de transformações na relação das marcas com o consumidor e na forma de se comunicar que mexeu com o mercado em 2008 e deve mudar mais este ano. "No ano passado, a publicidade on-line se estabeleceu como uma estratégia real de comunicação para as marcas. Ela, definitivamente, saiu do banco do carona e passou a segurar o volante das marcas junto com as outras mídias", avalia Eco Moliterno, vice-presidente de criação da Wunderman.

Outro fato relevante é que as classes C e D agora também têm acesso à internet - hoje são mais de 90 mil lan houses no Brasil. Isso significa que a web deixou de ser uma mídia que alcança apenas as classes A e B. A crise econômica também promete favorecer a publicidade on-line este ano, já que o custo é menor. "Poucos anunciantes chegaram perto de 10% de investimento em internet, mas a tendência é que aumente mais. De 2007 para 2008 houve um crescimento de 40%. Por conta da crise, talvez haja corte de budget, mas não para internet", diz Valdiney Victor Viçossi, presidente da VM2.

Experimentação

Para os especialistas, 2009 também será o ano da implantação de projetos diferenciados tanto para internet como em mobile marketing, que praticamente engatinhou no último ano. "Este ano terá um caráter de experimentação com projetos diferenciados. O mobile marketing foi pouco explorado e para este ano, promete ter novos formatos, liberação do consumidor para receber essa publicidade. A utilização da capacidade do processamento dos celulares será outra novidade", conta Luiz Fernando Vieira, sócio e diretor de mídia da Africa.

A Y&R anunciou que no último ano, os investimentos da agência em ações digitais cresceram 300%, na comparação com 2007.

Marcelo Sant"Iago, diretor geral da MídiaClick, chama a atenção para o baixo investimento, apesar da audiência elevada dos meios digitais. "Se compararmos o número de pessoas on-line e o tempo que elas passam conectadas, deveria haver mais investimento", diz Sant"Iago. "Principalmente em um País com audiência recorde e onde há mais pessoas on-line do que lendo revistas ou assinando jornais", alerta.

Fonte: Propmark

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Mercado percebe no mobile um canal estratégico

O ano de 2008 foi extremamente positivo para o mobile marketing no Brasil. Esse novo importante canal de comunicação cresceu, ganhou maior atenção do mercado e deverá conquistar ainda mais adeptos em 2009. Depois da chegada da tecnologia 3G e do iPhone ao País, acompanhamos a evolução do número de marcas que passaram a usar essa ferramenta como um canal estratégico de comunicação com seu público. Ainda nada que se compare aos países líderes do segmento, que geram bilhões de dólares em receita com esse serviço anualmente. É o caso dos EUA (US$ 36 bi), Japão (US$ 16 bi), China (US$ 14 bi), Reino Unido (US$ 8 bi) e Itália (US$ 7,5 bi).

Com 147 milhões de celulares habilitados, os brasileiros terminaram o ano com um aumento significativo na utilização dos serviços de dados em todos os seus formatos, além do bem difundido SMS. Segundo pesquisa da Nielsen, 61% da população utilizou SMS constantemente em 2008. No ano anterior, eram 51%, de acordo com estudo similar da NIC.br. Da mesma forma, consultas às contas de e-mail e bancária, acesso à internet móvel e downloads de conteúdo estão fazendo cada vez mais parte do dia-a-dia de todos nós.

Logicamente que a chegada das novas tecnologias (3G e iPhone) é o principal fator para esse progresso. Prova disso são os dados do Terra sobre seu conteúdo de notícias, esportes e variedades no celular. Segundo o portal, desde a chegada do iPhone no Brasil, em agosto desse ano, sua audiência deu um salto expressivo e cresceu cerca de 160%.

O mais importante é que essa curva ascendente está apenas no começo. Acabamos de completar um ano de rede 3G no Brasil e ainda estamos presenciando a adoção de funcionalidades por parte dos usuários, como câmeras mais avançadas, opções de armazenamento de conteúdo (uploads e downloads) mais simples, entre outras. Isso sem mencionar o aumento do tamanho das telas dos celulares, como é o caso do iPhone da Apple, que tornou a exploração de conteúdo e internet móvel muito mais ilustrativa.

Sendo assim, já é possível alegar que nosso mercado segue em ritmo acelerado rumo ao desenvolvimento de ações que tenham mobile como canal. É inegável que os serviços de publicidade pelo celular realizados no País devam ser, pelo menos por enquanto, mais simplificados. Entretanto, devemos estar atentos para utilização de conceitos que já fazem parte da realidade dos países europeus e dos EUA. É o caso dos jogos com publicidade (advergaming) e interações utilizando MMS. Ambas deverão ganhar mais força em 2009 aliadas à criatividade típica brasileira.

Simples ou sofisticadas, as ações de mobile marketing são abrangentes e podem envolver apenas um tipo de tecnologia ou se utilizar de muitas. O mobile marketing pode ser utilizado para gerar interatividade e qualificar a audiência. A interação gerada com o consumidor oferece às marcas um modo perfeito de enriquecer e estender de forma espontânea seu contato junto ao cliente, além de alertas e cupons promocionais que podem ser ofertados com o objetivo de aumentar o tráfego no ponto-de-venda para a geração de novos negócios.

Dessa forma, podemos mensurar o retorno sobre o investimento e permitir melhorar as taxas de desempenho das campanhas de resposta direta que venham a ser realizadas. Já é fato que o canal mobile representa uma grande oportunidade de convergência para a entrega de anúncios personalizados que veremos com mais freqüência nesse ano que está chegando.

Por Fernanda Magalhães - Diretora da Mobext, agência de mobile marketing do grupo Havas.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Fusão de fabricantes de chips no Japão

A Toshiba está negociando a fusão de parte de suas operações de chips com a unidade de semicondutores da NEC, informou uma fonte, enquanto a acentuada desaceleração da economia mundial força as fabricantes japonesas de chips a cortar empregos e tentar se unir.

Os fabricantes de chips em todo o mundo estão enfrentando profundos prejuízos que esgotam sua base de caixa e prejudicam sua capacidade de investir em um futuro crescimento, mas analistas e alguns executivos dizem duvidar que uma fusão entre empresas japonesas do setor possa ajudar.

A Toshiba está negociando combinar sua divisão de chips de sistema à NEC Electronics, uma fabricante de semicondutores na qual a NEC detém participação majoritária, de acordo com uma pessoa informada sobre as negociações, que pediu que seu nome não fosse revelado.

"É uma união de derrotados", disse Fumiyuki Nakanishi, gerente da SMBC Friend Securities. "A despeito de algum impacto em termos de corte de custos, é duvidoso que elas possam superar seus rivais internacionais, mesmo unidas. O setor nacional de chips parece à beira da morte".

A NEC planeja realizar 20 mil demissões em todo o grupo --o maior corte já anunciado por uma empresa asiática na atual crise mundial--, enquanto a Toshiba vai reduzir em 3,3 bilhões de dólares suas despesas fixas ao adiar os planos de expansão de sua capacidade de produção de chips de memória flash NAND.

Caso as operações de chips de sistema da Toshiba se combinem à NEC Electronics, a empresa combinada teria receita anual de 1,5 trilhão de ienes (16,7 bilhões de dólares), com base em seu resultado no ano fiscal de 2007/2008.

Isso superaria a divisão de chips da Samsung Electronics, às taxas de câmbio vigentes. Os chips de memória respondem pela maior parte das vendas de semicondutores da Samsung.

As ações da Toshiba caíram em 17% com os rumores sobre a fusão de operações de chips, o anúncio de sua projeção anual de prejuízo na quinta-feira e o rebaixamento de sua classificação pelo Goldman Sachs, que afirmou que a empresa talvez tenha de tentar se recapitalizar por uma emissão de ações.

Fonte: Reuters

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Comunicação Institucional pró-ativa

Não é hora de cruzar os braços, é hora de ser lembrado. Observe. Empresas de todas as cores e tamanhos se defendem nesses tempos de crise econômica e financeira, a começar pela proteção do patrimônio maior: a marca. Para isso, muitas ações se tornaram inadiáveis, sobretudo na Comunicação Institucional. Realizá-la, diante da nova realidade empresarial, é sinal de bom senso. Não se trata da simples comunicação da marca realizada pelas várias vertentes do marketing e por suas caras campanhas. Refiro-me a algo maior e perene. A reação à crise esperada em comunicação empresarial deve prestigiar os valores e a visão da organização, deve almejar a permanência da marca na mente de um público consumidor que também está sendo afetado pela crise. E, não se iluda, ela pode ser barata.

Em entrevista recente, o americano Jonathan Bernstein, especialista em crises, acertou em cheio. As suas cinco primeiras recomendações se relacionavam à comunicação. Elas incluíam: escolher uma equipe de comunicação, identificar e treinar porta-vozes, montar um sistema de informações e identificar stakeholders (públicos externos e internos). Para ele, os funcionários também são indispensáveis nesse processo de identificação dos públicos.

Concordo com Bernstein. Inclusive com o uso das variadas modalidades de comunicação. Aliada à gestão do conhecimento, à comunicação interna e ao monitoramento de informações, a assessoria de imprensa - não a assessoria passiva que apenas emite press releases que nunca serão utilizados, mas a que promove verdadeiro relacionamento com a mídia - deve constar nas ações em Comunicação Empresarial neste momento de turbulências.

Somente com Comunicação Institucional as empresas são capazes de transmitir soluções, tornar-se referência e porta-voz requerida pela imprensa. A conseqüência inevitável: a organização transmite a sua história e valores para o seu público. Não se trata, nesse caso, da comunicação para a venda, mas da comunicação pró-ativa que transmite a alma da organização. Planejada e integrada, ela é especial porque é capaz de incorporar a marca no dia-a-dia dos públicos. Não ser esquecido - pelo contrário, ser lembrado e celebrado - é vital em qualquer momento. Na esteira da crise é primordial.

Não é preciso ser gênio para dizer que a pró-atividade, palavra tão utilizada nos últimos anos, é peça chave para o enfrentamento da crise que atinge e continuará a ressoar nas organizações e sociedades economicamente ativas. A reação que observamos em todo o mundo - tanto em governos e bancos centrais, quanto em instituições financeiras e nas organizações -, deve ser precisa e consciente. Reagir não pressupõe sucesso na ação. As empresas, sempre defendi, estão convocadas a agir com destreza. Delas depende a superação determinada da inércia, o que conseguirão com comunicação que ultrapassa o marketing. Felizmente, observo os gestores mais eficientes já convictos de que ficar parado é prejudicial. Nas ações e orçamentos para 2009, o conjunto de ações que representam gastos supérfluos deve ser tesourado. Mas, alerta: o corte de investimentos vitais para a superação da recessão pode ser a gota d'água para as empresas mais desavisadas. O corte da comunicação, por exemplo, é um deles.

Defendo a comunicação empresarial nesses moldes para a gestão da crise porque apenas boas idéias e "pacotes" não são suficientes para fechar as cicatrizes da paralisia e desconfiança que contaminam a economia. Essa verdade se comprova no noticiário dos últimos dias, que não esconde a incerteza que engessa qualquer dinâmica na produção e na geração de serviços, apesar das tentativas de injeção de crédito. Se paralisia gera destruição, bem sabemos que, nesse clima, fornecedores deixam de fornecer, colaboradores são dispensados e acionistas entram em pânico. E se a comunicação interna é desprezada, joga-se no lixo a veia central da comunicação relevante, a oportunidade de usar a cultura da empresa para unir esses agentes desestimulados e para prepará-los para serem ouvidos pelos públicos externos, via imprensa. O cenário, antes ruim, piora.

Não é à toa que os governos mais dispostos a superar esse período de tensões se colocam, a toda hora, a transmitir com tom apropriado e sereno as palavras que valem mais do que o silêncio. Isso acontece porque, no caso da ausência de plano estratégico e revisão da comunicação, eternos paralisados serão os mudos e os mal planejados. Muitos não se deram conta de que o silêncio e a improvisação na comunicação organizacional são erros fatais em momentos de crise. A comunicação interna, por exemplo, é primordial para resgatar a dinâmica e a cooperação dos agentes nas empresas. Preste atenção nas organizações pró-ativas. Elas utilizam a comunicação interna como matriz motivadora, de baixo custo, que serve como a ferramenta mais eficaz para tranqüilizar e transmitir as novidades, mas também os valores e cultura das organizações.

Menosprezar essa comunicação não é atitude sensata nestes tempos. O prejuízo pode vir depois. Em crises, reforçar estratégias de comunicação integrada é atitude de quem já visualiza, no fim do túnel, o retorno da dinâmica, do movimento, da produção e do crescimento. Comunicar esses valores, mais do que ser determinante para superar a crise, ajuda a transmitir a alma da empresa e reforça a organização. As mais fortalecidas depois dessa crise serão as empresas que não deixam, no presente incerto, de praticar estratégias em Comunicação Institucional. Enquanto uns se calam, elas motivam colaboradores e fornecedores a descruzarem os braços. Com planejamento, gestão do conhecimento, assessoria de imprensa pró-ativa e monitoramento de informações, elas sairão da crise no melhor cenário possível: não serão esquecidas.

Por Nancy Assad -Diretora-Executiva da NA3 Comunicação Estratégica.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Gigantes enxugam vagas lá fora e preservam aqui

O mercado de TI pelo mundo não para de emitir sinais preocupantes. As gigantes da área anunciam milhares de demissões pelo mundo, diminuição de produção para ajustar estoques "encalhados", com o agravante de que produtos de alta tecnologia tornam-se obsoletos muito mais rapidamente que outros bens. Mas um ponto tem chamado a atenção nessas notícias: em geral, os planos de redução de quadros não incluem o Brasil. Mas por quê?

Nossa economia está sentindo os efeitos da crise global. O desemprego aumentou, sobretudo na indústria. Nosso governo, que antes apostava em "marolas", agora já está revendo suas posições. Mas é latente o esforço de encontrar boas notícias que mantenham o ânimo da nossa economia, que vinha embalada. O Banco Central fez um importante movimento de baixa da taxa Selic, a Petrobrás fez anúncio de investimentos bilionários, organizações econômicas mundiais afirmam que o Brasil ganha destaque quando o assunto é o quanto cada país sofrerá durante este momento difícil. Afetado, sim, mas dentre as maiores economias emergentes, será o que menos sofrerá impacto, é o que sugerem os estudos dessas agências. Nosso sistema bancário não se mostrou vulnerável à crise de crédito, grande protagonista do momento. Pelo contrário, também deram mostras de vitalidade com novas fusões e aquisições. E se a questão é colher notícias positivas no meio da tempestade, o mercado de TI no Brasil também merece destaque, a começar por essa "imunidade" aos planos de redução externos.

São vários anos de mercado aquecido. As empresas de TI no Brasil, nos últimos anos, enfrentaram problemas com pessoal, sim, mas pela escassez do recurso humano capacitado. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), faltam 30 mil pessoas capacitadas em TI no país. Em dois anos, esse número deve subir para cem mil. Essa notícia é, por um lado, ruim, já que expõe nossa grave deficiência na formação de mão-de-obra qualificada, mas também não deixa de ser animadora. Afinal, o mercado esteve altamente "comprador", com salários em alta, muita disputa pelas melhores cabeças e até recompensas por indicações de profissionais para as vagas disponíveis. Esse movimento, ao que parece, ainda não se viu significativamente afetado.

Já temos muitas evidências de que nosso barco não está passando por simples marolas. Os pingos mais grossos, aqui e ali, já deixam claro que há tempestades no horizonte. Mas se, diariamente, ouvimos sobre danos tão profundos lá fora e sobre economias em marcha à ré, e por aqui vemos o país se molhando, reduzindo a velocidade, mas ainda navegando para frente, até os menos otimistas podem acreditar que o Brasil sairá mais forte da crise do que seus pares pelo mundo, que terão que recuperar terreno perdido.

Ainda que fundamentalmente financeira, toda crise também tem uma grande parcela de fatores psicológicos, de humor, confiança, quantidade de oferta de boas notícias em tempos ruins. A área de TI no Brasil e seu mercado têm colaborado, segurando suas posições e acreditando ao menos na manutenção da demanda atual. Existe ainda o "fator Obama" no ar, gerador de esperança e grande promessa de reação americana no médio prazo. Eu acredito muito que nosso guarda-chuva aguentará bem até as aberturas de sol projetadas para 2010.

Rubens de Souza - É Gerente de Negócios da DocPath Document Solutions Brasil.
Fonte: HSM Management - Site Oficial